CIRURGIA REPARADORA COM EXPANSORES

Os tecidos vivos possuem uma resposta dinâmica aos estímulos mecânicos a que são submetidos. Um bom exemplo é a gestação, em que ocorre a distensão dos músculos da parede abdominal e da pele, e a hipertrofia mamária durante o aleitamento materno. Esse mesmo fenômeno de expansão tecidual também ocorre em algumas tribos indígenas e tribos urbanas que usam alargadores em orelhas, nariz e lábios, como forma de adorno e beleza.

Com o uso dos expansores cutâneos, surgiram novas perspectivas à cirurgia reconstrutora, permitindo resultados previamente considerados de difícil obtenção com técnicas convencionais. Quando bem indicado, o método possibilita a ressecção (retirada) de lesões extensas com o menor número de intervenções cirúrgicas, visando a corrigir vários tipos de deformidades. Os expansores são de diferentes tamanhos e modelos e, consequentemente, de variado volume de expansão, devendo ser indicados pelo médico cirurgião o melhor método de expansão. O paciente, por sua vez, deve estar consciente dos cuidados e das limitações das cirurgias.

A faixa etária para uso de expansor é ampla, porém deve ser evitado em crianças menores de seis anos de idade, pois a colaboração do paciente, durante as sessões de infiltração, é importante.

O programa de expansão é iniciado em média sete dias após a cirurgia, podendo ser realizada uma expansão única ou a colocação simultânea de vários expansores. Quando estes são colocados no couro cabeludo, ou nos membros inferiores, aguarda-se um tempo mais longo. Nesses casos, o início da expansão efetiva-se aproximadamente de 10 a 15 dias.

Infiltra-se volume variável de soro fisiológico, de acordo com o tamanho do expansor e critérios objetivos, como diminuição de enchimento capilar ou tensão excessiva. Parte do volume infiltrado deve ser retirada, se houver manifestação de dor. O paciente deve sentir apenas uma sensação de pressão e leve desconforto.

Normalmente, infiltram-se 10% do volume total do soro em cada sessão. Qualquer intercorrência poderá retardar o tempo de expansão, e o paciente deve estar ciente dessa possibilidade. O intervalo entre as infiltrações varia entre três e sete dias, e o período médio de expansão é de seis a dez semanas.

O segundo tempo cirúrgico consiste na retirada do expansor e avançamento ou rotação do retalho, substituindo a área de lesão pela pele expandida. Novas expansões devem aguardar entre seis meses a um ano, após o término da última cirurgia, dependendo da região anatômica e das condições locais da pele.

Na seleção dos pacientes, considera-se sempre a sua procedência, uma vez que o processo de expansão mantém o paciente sob supervisão por pelo menos seis semanas. O método é contraindicado para aqueles que não puderem comparecer ao consultório para as infiltrações, ou em pacientes que não querem se submeter às condições do tratamento.

A anestesia geralmente é local, com sedação, ou anestesia geral, dependendo do número de expansores e de suas localizações. A cirurgia dura, em média, geralmente duas horas e o paciente permanece internado por 24 a 48 horas.